Quando eu andava por volta dos meus 18 anos ainda me sentia muito confuso acerca da minha sexualidade : na realidade, eu sentia uma forte atracção física por homens, mas não me passava pela cabeça que isso pudesse ter a ver com sexo, ou que eu pudesse ser homossexual. O facto de me terem dado uma educação católica e muito conservadora talvez fosse responsável por tanta confusão dentro de mim, até porque, no meu corpo, a natureza gritava mais forte, cada vez mais forte, do que todos os valores morais que me tinham feito interiorizar ; mas daí até saber que aquilo de que eu necessitava era satisfazer os meus impulsos sexuais com outros rapazes, ia uma grande distância. Rigorosamente, eu não sabia que gostava de homens. Até que, um dia, tudo mudou. Eu estava de férias, e fui passar parte delas num apartamento que os meus pais têm perto da praia de Monte Gordo, no Algarve. Era Julho, o tempo estava quente, e como os meus pais só podiam sair de Lisboa por meados do mês, deixaram-me ir uns dias mais cedo, para que eu pudesse curtir ao máximo as minhas férias. Viajei confortavelmente em autocarro expresso, e quando cheguei a Monte Gordo, por volta das oito horas da tarde, fui direito a casa para deixar lá a minha mochila, saindo logo de seguida para dar uma volta, comer qualquer coisa, sentir o ambiente, e, naturalmente, para ver se encontrava alguém conhecido, pois desde miúdo que nós veraneávamos naquela praia e conhecíamos muita gente. Depois de caminhar por quase uma hora, a ver o que é que mudara desde o ano anterior, acabei por parar num bar em cima da praia, virado para o mar, pedi um refresco, e deixei-me ficar para ali, sentado no varandim que dava para a praia, a observar o pôr do sol para os lados do Atlântico ; àquela hora, o bar estava cheio, muito agitado, com gente entrando e saindo constantemente. Ao fim de alguns minutos, comecei a prestar atenção a um grupo de andaluzes, provavelmente sevilhanos, que, muito excitados, bebiam, gritavam, batiam palmas, e se metiam com todos os que passavam na rua, embora sem incomodar ninguém, a todos convidando para o seu convívio. Eram jovens, e só queriam brincadeira. No meio deles, despertou-me a atenção um rapaz à volta dos seus 18 anos, alto, cabelos negros, sedosos e compridos até aos ombros, olhos pretos, boca carnuda, e pele muito bronzeada ; a T-shirt branca deixava adivinhar um corpo bem trabalhado, os braços eram longos e fortes, um nadinha peludos, e os jeans apertados revelavam um par de coxas que me deixaram entontecido... Foi então que eu percebi cá dentro de mim, e todo o meu corpo logo mo confirmou, que eu queria dar uma voltinha com aquele borrachão, fazer sexo com ele, tocá-lo, senti-lo, sei lá... Resumindo, naquele momento, e perante aquela visão divina, eu percebi que o que queria era passar o resto da vida numa cama com ele. O andaluz apercebeu-se de que eu não tirava os olhos dele, de tal maneira eu tinha ficado hipnotizado por pelo seu corpo. Então, não querendo acreditar no que os meus olhos viam, ele levantou-se, afastou-se do seu grupo, foi até ao balcão, pegou numa garrafa de cerveja e em dois copos, e veio em minha direcção... Eu quase fiquei sem fôlego, tive que me conter, e consegui fazer um sorriso simpático e cheio da cumplicidade que só pode existir entre rapazes da mesma idade. Quando chegou à minha beira, o bonito andaluz sentou-se ao meu lado, e começou a falar comigo, como se nunca tivesse feito outra coisa na vida. Ao princípio foi um nadinha complicado, pois ele só falava espanhol, e muito rápido, e eu não entendia quase nada do que ele dizia. Mas lá acabámos por nos ir entendendo. Ele ofereceu-me uma cerveja, eu aceitei aquela que foi a primeira bebida alcoólica da minha vida, e acho que foi isso que me deu coragem para fazer aquilo que de facto eu mais queria, mas que tinha medo e vergonha de fazer : ser possuído por aquele corpo. Não compreendi bem qual era o curso que ele estava a tirar, mas depois descobri que deveria ser direito, e percebi ainda que ele morava em Sevilha, que era a primeira vez que vinha passar férias a Portugal, e que estava num apartamento que partilhava com uns amigos da Universidade. Depois de ficarmos para ali a beber cerveja e a conversar por umas boas duas horas, ele disse-me, de repente, que me queria comer, que já tinha comido vários portugueses, que nos achava muito calientes, que adorava pollos como eu, que eu lhe estava a dar um grande tesão, e por aí fora. Eu estava nas nuvens, e tudo o que queria era que ele não mudasse de ideias ; mas eu não conseguia tomar qualquer iniciativa : ali, o macho era ele. Ele disse que tinha que ser, mas o pior é que não poderíamos ir para o seu apartamento por causa dos amigos, e como eu lhe tinha dito que estava sozinho, ele insistiu muito para que fôssemos até minha casa. Eu fiquei um pouco relutante, pois os meus pais sempre me avisaram para não meter desconhecidos em casa, mas o tesão e a cerveja dominaram-me, se nos demorássemos eu ainda acabava por lhe oferecer o cu mesmo ali, diante de toda a gente, tal era a excitação em que já me encontrava e que me dominava por completo – e por isso acabei por concordar, desandámos do bar e, minutos depois, já estávamos em casa. Íamos os dois em brasa. Mal entrámos e fechámos a porta, o andaluz despiu-se totalmente, e mostrando-me um cacete enorme e muito duro, começou a fazer sinais para que eu lho chupasse. Ao princípio eu estava sem jeito, não sabia como fazer nem por onde começar, mas ele lá me foi orientando, e a verdade é que nestas alturas não há conhecimento prévio : o tesão e o instinto é que nos vão dizendo como fazer. Depois de o chupar todo, ele despiu-me, deitou-me no chão, de barriga para baixo, e elevando-me um pouco pelos quadris, aproveitando para me punhetear com uma das mãos, enfiou, de rompante, aquele enorme cacete no meu rabo virgem. Primeiro, senti uma dor forte, tive vontade de desistir, de gritar até, parecia que me estavam a rasgar por dentro, mas ele não desistiu, lá foi continuando, e o tesão que acabou por tomar conta de mim foi muito maior do que a dor ; acho que fui ao céu e voltei. Ele veio-se várias vezes dentro de mim, até que eu, esgotado, acabei por perder completamente a noção de tudo. Só voltei a mim no outro dia. Estava nu, estirado no chão da sala, e sozinho. Uma enorme plenitude invadia-me. Espreguicei-me. Olhei à volta, em busca do meu andaluz, mas, excepto no meu rabo, não havia quaisquer sinais dele. Fora-se embora, e eu não dera por isso. O meu amante de uma noite nem chegara a dizer-me como se chamava. Não importa : era um homem. Nunca mais o vi. Mas aquele belo andaluz foi, para mim, como que uma revelação, a revelação de um mundo novo : foi ele que me fez ficar com a certeza de que aquilo que eu mais queria era sentir, experimentar, ter sempre, cada vez mais, um corpo de homem por cima do meu, à minha volta, dentro de mim...